Trilha Inca à Machu Picchu – Guia Completo

Existem lugares no mundo que sempre provocaram a curiosidade e interesse dos seres humanos, porém, poucos são misteriosos a ponto de tirar o sono ou mesmo de invadir os sonhos mais profundos do viajante. Um destes lugares se chama Machu Picchu, a cidade Inca.

A paixão por viajar me acompanhou desde pequeno e a cidade invadiu minha imaginação no primeiro contato que tive com ela nas aulas de história geral. É um destino clássico para todos os turistas ao redor do mundo, mas, para mim, sempre teve um significado maior. Por estar no coração da América do Sul, ser a única a escapar da invasão espanhola, do olhar ganancioso do velho mundo, ser um ícone do conhecimento científico antigo e finalmente por ter sido construída com a mais simples e pura rocha, matéria prima da nossa velha terra.

Em minhas lembranças, a cidade ainda estava intacta, aguardando por séculos a nossa chegada.
Antes de iniciar o relato gostaria de falar um pouco sobre o planejamento necessário para fazer a Trilha Inca Clássica, de 4 dias e 3 noites.
Como havia comentado no post sobre Lima e Cusco, existem diversos passeios e trilhas que levam à Machu Picchu. Optamos pela trilha mais famosa e concorrida pois, além das belas paisagens de montanha e vegetação diversificada, possui muitas ruínas ao longo do seu percurso.  As trilhas incas originais se estendiam ao longo de todo o império, do Equador ao Chile. Finalmente, esta trilha figura entre as três melhores do mundo (fonte).

  • Reserva: O acesso à trilha é limitado a 500 turistas por dia, portanto, é necessário primeiramente confirmar no site de Machu Picchu oficial do governo do Perú (link) se há vagas para a data planejada. Normalmente as vagas se esgotam com 4, 5 meses de antecedência! Abaixo segue um print de onde buscar.
Detalhe da página para verificar vagas para a Trilha Inca (Camino Inka).
  • Agência: É obrigatório contratar um guia para fazer a trilha e para isso é necessário procurar uma agência. Há dezenas de agências em Cusco e Lima, nós reservamos com a NC TravelCusco por indicação de outros sites de viagem. O serviço foi bastante profissional e o pessoal muito atencioso e amigo do início ao fim. No site do governo do Perú também constam as agências autorizadas (link), basta entrar e fazer uma busca clicando no botão “Agencias” no rodapé da mesma página das vagas.

Depois da reserva é possível pedir uma confirmação diretamente do governo, através do e-mail: callcenter@drc-cusco.gob.pe. Utilizei este endereço em 2013, me avisem caso não esteja mais ativo.

  • Equipamentos: O pacote, além do guia e entrada ao parque, inclui alimentação completa e barracas. É necessário alugar o saco de dormir separadamente caso você não possua. Tá bom, e como que eu levo tudo isso? Agradeça aos famosos e valentes carregadores, que chegam a levar 20kg nas costas correndo pela trilha de chinelo e bermuda. A contratação deles já está inclusa no pacote da agência e acaba sendo obrigatória, já que o guia também conta com esse suporte.
  • O que levar: Além dos itens essenciais de higiene e saúde, recomenda-se principalmente levar uma calça com zíper no joelho (calça / bermuda) de tecido leve, uma jaqueta anorak impermeável e uma bota com boa aderência, se possível impermeável também. Segundas peles superior e inferior também são muito importantes, principalmente para suportar o frio noturno congelante. Fomos em Agosto e à noite fazia muito frio nos acampamentos. A variação de temperatura logo de manhã é grande também e, após acordar bem cedo para iniciar a caminhada, o calor do nascer do sol já era suficiente para nos obrigar a parar para tirar as blusas e transformar a calça em bermuda.  Em relação à mochila, visite o post de Lima e Cusco para ter uma ideia de qual tipo levar. Preze por uma mochila leve!

Outro item famoso e que é facilmente encontrado por lá são as folhas de coca. Os guias levam uma boa quantidade para ir mascando durante a trilha. O efeito de seu princípio ativo, conhecido como alcalóide, disfarça a fome e ameniza o cansaço, facilitando a caminhada sob o ar mais rarefeito das montanhas.  Não se preocupe, você não vai subir a trilha correndo, alucinado, depois de mascar algumas folhas inocentes. Segue um gráfico das altitudes, distâncias e ruínas mais importantes.

A trilha em números:

  • Duração: 4 dias e 3 noites
  • Distância total: 44km (média de 11km por dia de caminhada)
  • Altitude em relação ao nível do mar: Mínima Machu Picchu: 2400m / Máxima – Warmihuañuska: 4200m

Agora sim, mochila nas costas, pé na trilha.

Dia 1


Recomendo ouvir essa música para entrar no clima e aí sim começar a ler.

A van da agência apareceu no hostel às 6am aproximadamente e nos levou até o km 82, em Chilca, onde é o início da trilha. Lá já era possível ver o belíssimo mar de montanhas.

Rio Urubamba e trem ao fundo.
Rio Urubamba.

Após pegar uma fila para entrar oficialmente no parque, atravessamos uma pequena ponte sobre o Rio Urubamba, correndo caudalosamente pelas pedras, dando as boas vindas e enviando a energia que precisaríamos pela frente. A trilha segue paralela ao rio e desce levemente por um tempo para então começar a subir. Essa primeira parte em geral é tranquila e o guia vai fazendo algumas rápidas paradas para explicar um pouco sobre a vegetação ao redor.


Depois de uma subida um pouco mais íngreme fazemos a primeira parada intermediária. As principais paradas se dividiam em café da manhã – intervalo – almoço/lanche – intervalo – jantar – colchão de dormir (pausa mais importante!). Nosso grupo tinha 6 integrantes. Há diversas agências fazendo a trilha com grupos que vão de 2 até 15 pessoas.  Mesmo com 500 visitantes por dia o movimento na trilha não era sempre intenso e, dessa forma, existiam alguns momentos de paz e contato com a pachamama (mãe terra), como diria o guia Carlitos. A exceção acontecia nos pontos de subidas mais fortes, onde o pessoal acabava diminuindo o passo e se concentrando.
Paramos para o primeiro rango em um descampado, sempre bem vindo!

Como comentei, existe a equipe de carregadores que caminha em um ritmo mais rápido, à frente do grupo, para chegar antes e montar a estrutura para as refeições ou para passar a noite. Quando chegamos para almoçar já tinha uma tenda montada com uma pequena mesa interna. Era a nossa pequena casa improvisada onde conversávamos e ríamos ao fazer as refeições, junto com a equipe e os turistas. A comida era sempre sensacional, ainda mais com aquela fome de 5km – 10km de trilhas em média.


Continuamos até avistar no fundo do vale a cidade de Patallacta. Estávamos em um planalto bem acima, na área onde ficavam os vigias e outras ruínas. Lá eu tive a primeira sensação de voltar ao passado, imaginando aquele lugar cheio de vida, pessoas trabalhando em uma região de beleza rara. A arquitetura daquela cidade me lembrava uma serpente, rastejando aos pés da montanha.

Ruínas de Patallacta.

Mais uma caminhada tranquila até finalmente chegar no primeiro acampamento, em Huayllabamba. Esta região ainda tinha um pouco de civilização e algumas pequenas casas de moradores ali do Vale. Nesta noite pudemos ver um festival de dança típica, bastante intenso com cantoria e gritos, Vinicius se impressionou e achou que nos levariam para o centro da roda. Mesmo com muitas pessoas de outras agências no camping não teve muita interação, o pessoal queria mesmo descansar para acordar cedo no outro dia e acabamos fazendo o mesmo.

Tempo médio de caminhada: 6.5h. Distância: 12 km

Dia 2


O segundo dia é o mais puxado e conta com uma subida contínua de 1250m de altitude até chegar ao ponto mais alto da trilha, Warmihuañuska (passo da mulher morta), com 4200m de altitude. Muita folha de coca e chocolate para aguentar essa!


Acordamos bem cedo, 6am, com o guia já servindo um chá para aquecer e desenferrujar as dobradiças. As manhãs eram sempre bastante frias e para pegar no tranco só mesmo depois do café da manhã com muito pão e geléia.
Reiniciamos a trilha com um céu azul e um sol de causar inveja ao mais devoto inca, que sempre venerou esta estrela como sendo seu próprio deus.
Os meses do início do segundo semestre são os mais recomendados para fazer a trilha já que o céu está limpo com poucas nuvens, o sol é intenso porém suportável e, o melhor de tudo, chove pouco. A trilha deste dia iniciava com uma vegetação baixa em uma planície para então passar por árvores mais altas e boas sombras. A subida começa a ser evidente e no início nos deparamos com alguns degraus disformes, bastante altos, que serviam para testar os joelhos para o que viria mais a frente.


Lembro que em um momento a trilha fazia um “C” começando no pé de uma montanha e subindo em curva. Parecia que estávamos em um caldeirão, dentro das montanhas gigantes, onde era possível ver uma linha de pessoas ao longe e mais avançadas no caminho.


A subida continuava por todo o caminho e o cansaço começava a bater, as mochilas também pesavam um pouco mais. De qualquer forma, a motivação em se chegar à passagem da montanha Warmihuañuska foi mais forte e, após mais algumas horas de subida finalmente chegamos ao ponto mais alto de toda a trilha.

Vista dos picos ao redor de Warmihuañuska.
Esquerda para direita: amigos de trilha, eu, Carlitos e Vinicius.
Conexão com pachamama. 🙂

 A 4200m, este lugar nos presenteava com uma paisagem sensacional. Paramos para descansar e tirar algumas fotos. Fiquei observando o horizonte, que estava bastante distante, vendo outros topos das montanhas com neve, bastante serenos, nos olhando de volta. Foi uma experiência única.

Tínhamos ainda a companhia de algumas lhamas e pacas, tranquilas e de bem com a vida.
Dali em diante iríamos descer continuamente até o nosso próximo acampamento, no Vale de Pacaymayu. O acampamento ficava sobre uns degraus largos de pedra e lá havia uma espécie de banheiro com latrinas e chuveiros (!), claro, com a água mais gelada imaginável das montanhas. Como já haviam se passado 2 dias inteiros de caminhada, eu acabei encarando o gelo, ou o banho. Vinicius também foi corajoso e, de todas as pessoas do acampamento, só nós arriscamos.


O dia foi muito intenso e depois de jantar em companhia do guia Garotinho, dos nossos amigos estrangeiros, da equipe de carregadores e cozinheiro, nada se equiparava ao confortável saco de dormir em cima da pedra.

Tempo médio de caminhada: 7h. Distância: 11 km

Dia 3


O terceiro dia começou a todo vapor, neste dia veríamos o maior número de sítios arqueológicos e ruínas. Interessante observar que quanto mais nos aproximávamos de Machu Picchu, mais ruínas apareciam e mais a trilha enriquecia e se refinava.
Começamos subindo até o chamado Abra de Runcurakay (3970m) e após mais algumas horas chegamos a uma estrutura circular que fora utilizada como base de vigia. A cada vez que entrávamos nas ruínas o sentimento de retorno ao passado surgia novamente.


Após uma caminhada descendo por mais um tempo, passamos por um bosque e chegamos a Sayacmarca (3624m), uma cidadela muito conservada onde se podiam observar cômodos, janelas e até plataformas onde cultos religiosos eram realizados. Como as paredes eram altas, a sensação era de estar imerso naquelas casas e vielas incas, na pele de um cidadão comum da época, o qual sequer imaginava o que estaria além daqueles vales e império que ele havia construído. O que poderia ser tão grande quanto estas montanhas? Mal sabia que a Europa estava sedenta por novos recursos, curiosa e pronta para criar rotas e mais rotas até alcançar o fim do mundo, que na época era um discão de vinil com cachoeiras nas bordas.

Ruínas de Sayacmarca.

Chegamos e atravessamos mais um passo, o Abra Phuyupamarca (3700m). Ali seria mais um dos pontos altos da trilha, com muitas fontes, tudo planejado para irrigar as plantações e garantir que a riqueza continuasse a reinar. Descendo por mais 1000m aproximadamente chegamos em Intipata (2743m), com construções sólidas de degraus gigantes, feitos como se para ajudar os deuses a subirem a montanha. Lá no topo dessas construções a vista para o Rio Urubamba é impagável e extremamente bonita. Ficamos ali parados por um bom tempo, em silêncio, só ouvindo o vento e o correr das águas.

Como se llama?
Intipata.
Vale e o Urubamba.

No último trecho deste dia, chegávamos ao nosso último acampamento, o complexo arqueológico de Wiñayhuayna.

Tempo médio de caminhada: 10h. Distância: 16km

Dia 4


4am, hora de acordar, pessoal! Não para ir à escola, não, mas para caminhar por 2h intensas até Inti Punku, a Porta do Sol.
Tomamos café, já ariscos para chegar ao nosso destino tão aguardado.Ali fizemos uma despedida e agradecimento à equipe de carregadores e ao cozinheiro, responsáveis diretos por estarmos de pé e cheios de energia após longos dias de caminhada. Deixo aqui meu agradecimento e reconhecimento ao trabalho duro que essas pessoas fizeram, possibilitando a nós, viajantes deste mundão, contemplarmos as belezas de sua terra natal com segurança e relativo conforto.


Ainda estava de noite e ficamos aguardando em uma fila por aproximadamente 30min para a entrada da trilha rumo a Porta do Sol. A caminhada se iniciou em um ritmo frenético e foi até engraçado pois as pessoas começaram uma competição saudável, sem querer, para ver quem chegaria primeiro ao portal e ter o privilégio de ver a cidade inca ainda emergindo da neblina matutina.


Finalmente chegamos à Porta do Sol, com vista para Machu Picchu. É como se chegássemos ao posto do vigia real, conferindo se tudo estava de acordo nos aposentos do Inca.

Vista da Porta do Sol, Machu Picchu ainda sob a sombra da manhã.
Chegando na cidade inca.

O mais interessante foi que, chegando lá, não reconheci a cidade de primeira. Ela ainda estava pequena e distante ao olhar, um pouco coberta pelas nuvens. Sua habilidade de se esconder dos olhos estrangeiros ainda estava na sua essência.
Do Portal descemos em direção à cidade, que foi se tornando imponente quão mais perto estávamos. Chegamos!

Tempo médio de caminhada: 2h. Distância: 4km

Machu Picchu


Após todo o relato da trilha, as dificuldades, paisagens, ruínas e experiências em geral, fica difícil descrever Machu Picchu em palavras. Por isso vou dar destaque aos sentimentos que surgiram enquanto caminhávamos por lá. Quero que vocês sintam-se motivados a visitar a cidade e também tirar suas conclusões particulares, baseadas nas sensações que a cidade irá gerar.


Existem muitas versões da origem da sua construção, a mais aceita é que ela foi construída como um estado para o imperador Pachacuti. Após a extinção do império Inca, a cidade foi encontrada por um historiador e trilheiro norte-americano chamado Hiram Bingham, em 1911.


A cidade deve muito do seu charme à montanha de mesmo nome que a segura no seu topo, além da montanha Huayna Picchu, sua irmã mais velha e mais alta. Em comparação com as outras cidadelas, ela é uma metrópole e conta com rochas remanescentes de casas, casarões, pátios, terraços de plantações, templos, entre outras construções de maior porte. Enquanto que nos outros sítios eu sempre era transportado para o íntimo dos cidadãos, ali já imaginava o fervor da cidade grande, movimento constante e trabalho. Claro, além de grandes eventos religiosos e festas, comemorando a fartura da colheita e a benção da natureza. Existem muitos relatos de sacrifícios também, porém, não estão claros, já que o tempo levou muitos indícios.

Precisão nas construções do imperador.
Relógio solar.

Um ponto relevante é que a paz que tínhamos nas ruínas e mesmo quando havíamos chegado à Porta do Sol já não existia no mesmo nível. Ônibus não paravam de trazer turistas montanha acima e, para quem estava há 3 dias imerso no vale de montanhas, foi um pouco chocante. Ao mesmo tempo foi muito interessante pois mostrava que durante a trilha a conexão com o silêncio e os momentos de reflexão haviam sido fortes, talvez dando uma amostra grátis do que seria nossa verdadeira essência.
Por este e outros motivos eu recomento ao menos um dia de passeio por trilha.


Eu e o Vinicius caminhamos por todos os quatro cantos da cidade, vendo ruínas desde a menor casa até os aposentos do imperador Inca. Lá na Residência Real era possível ver o nível fino de acabamento e perfeição das rochas, por entre as quais nem um fio de cabelo passaria. Além destas atrações, há também o Templo do Sol, Templo do Condor e o calendário solar. Lá no alto da cidade acabava sendo o melhor lugar para ter uma visão geral, sentar e contemplar o todo.


Outro lugar que vale a pena visitar é a passagem interditada de outra trilha nos fundos da cidade, que também levava os incas até a cidade. É muito intrigante, pois é possível ver a trilha desaparecendo na montanha no horizonte, mostrando como era boa a habilidade dos incas em cortar as montanhas com caminhos sem que pudessem ser descobertos.


Fomos até a entrada oficial, que já conta com uma infra-estrutura de nível internacional, com  restaurante, banheiros e lojas de souvenirs. Também é lá onde é possível carimbar seu passaporte com o registro de Machu Picchu.  Nos despedimos finalmente de Carlitos, nosso guia. Ele foi muito profissional e agradeço-o por todas as reflexões, explicações e por respeitar cada um por suas limitações. Tornou a trilha mais leve com parceria, muita descontração e brincadeiras.
Voltamos à cidade para tirar algumas fotos e curtir um pouco mais o clima e a energia. Energia essa que carrego até hoje!

Hora de ir embora, infelizmente. Para sair da cidade inca pode-se pagar por um ônibus que vai direto até a cidade de Águas Calientes, no pé da montanha, ou senão fazer uma outra trilha de média distância descendo o morro. Como já tínhamos caminhado incansavelmente por 4 dias, acampado sobre as pedras por 3 noites, claro que a nossa decisão foi a mais sensata.


Descemos pela trilha.

Esta trilha tinha muitas pedras e, depois de aproximadamente 2h, retornamos ao nosso companheiro, o Rio Urubamba, que dessa vez nos dava adeus. Seguimos caminhando até Águas Calientes, que é uma cidade pequena, bem turística. Não fizemos nada demais lá e, depois de tudo o que tínhamos experimentado e vivenciado, só uma cerveja faria seu papel incondicional.


Pegamos o trem na mesma noite, voltando à Ollantaytambo e finalmente Cusco. Durante a volta à Cusco ainda tivemos mais um momento de aventura, já que o motorista da van era um pouco agressivo na direção. Sempre use cinto de segurança! De qualquer forma chegamos sãos e salvos, exaustos e satisfeitos pela experiência única.

Obrigado. Espero que visitem esse santuário em breve.

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