Cuba! Dicas Gerais e chegada em Havana (pt 1)

No caminho do Aeroporto José Martí à Havana Central, o tele-transporte para o passado é inevitável ao avistar os carros das décadas de 50 e 60, além de muitos conjuntos habitacionais, prédios simples que não viam uma demão de tinta há muito tempo, tampouco se lembravam do cimento.

De qualquer forma, um teto para aquelas pessoas, as mesmas que faziam filas nas calçadas na esperança de avistar um ônibus ou conquistar uma carona.
Ao se aproximar de Havana Central, aquela mesma tinta ficaria ainda mais escassa nas colunas dos inúmeros casarões e edifícios, distribuídos como muros em ambos os lados das ruas estreitas, enroscados em cabos de energia e varais de roupa. Nós da história a serem desatados e compreendidos.

Havana já foi uma adolescente superficial, servindo de playground no início do séc. XX para turistas sedentos. Hoje, a cidade anseia por modernidade e um banho de revitalização planejada, exaltando sua história, cultura e música, afinados no mesmo tom de receptividade.
Foto no início do post: Capitólio no centro de Havana.

Convivendo lado a lado, suntuosos hotéis de luxo e uma pequena parcela de modernidade ao avistar o Museu de Bellas Artes. Ali na fronteira entre Havana Central e Havana Vieja a importância do turismo mostrava sua face e completava o cenário inicial do nosso primeiro dia.

Planejamento da Viagem

Tive o privilégio da companhia da minha namorada Ana Paula nessa viagem, que tornou as experiências ainda mais interessantes. Ao longo do post vou colocar algumas frases célebres dos momentos marcantes e engraçados que vivemos.

Além da sua participação no relato, a Ana também trará prestígio ao blog escrevendo futuramente sobre a gastronomia de Cuba. Dessa forma, vocês terão o material necessário para curtir ao máximo os bares e restaurantes.
No total, a viagem foi feita em 11 dias dividos nas seguintes cidades, em ordem cronológica: Havana, Trinidad, Cayo Largo e Viñales. O detalhamento do plano de viagem vocês podem baixar neste LINK.

Mapa do Oeste de Cuba e as cidades por onde passamos.

Moeda

Cuba possui duas moedas correntes:

CUP / MN: é a moeda local ou Moneda Nacional, utilizada pelos cubanos para todas suas transações comerciais e serviços.

CUC – cuban convertible peso: é a moeda dedicada exclusivamente para as transações turísticas. É pareada com a cotação do dólar americano.Alguns estabelecimentos aceitam ambas as moedas e você pode comprar alguns CUPs se quiser acessar serviços exclusivos ao povo, porém, lembre-se que estes já são escassos para a própria população, como vocês verão mais adiante, e não seria muito justo um turista usufruir de algo que realmente não precise. Essa é minha opinião e por isso não utilizei CUPs.
Em resposta ao embargo comercial dos EUA, exclusivamente a troca de U$ por CUCs sofre uma taxação de 10%. Por isso, leve Euros ou Dólares Canadenses para evitar perder essa quantia à toa.

Internet

Como vocês vão notar, a tecnologia é escassa em Cuba. A única maneira de acessar a internet é comprando cartões pré-pagos da ETECSA, companhia de telefonia Cubana, e entrando nas redes wi-fi espalhadas pela cidade. Normalmente as praças e pontos mais turísticos possuem rede, caso tenha dúvidas ou receio de como encontrar, apenas caminhe até trombar com pessoas sentadas, olhando e mexendo nos celulares. 😉

Cartão de Internet.

Como chegar

O mais usual é utilizar o transporte aéreo para Havana com escala no Panamá ou outro país latino americano. Fomos de Avianca e fizemos escala em Lima, Peru, melhor oferta que encontramos no Melhores Destinos. A viagem é longa mas vale a pena.

Antes de entrar em Cuba, você precisará de:

1) Vacina de febre amarela – tomar a vacina com 10 dias de antecedência, comprovando com a carteira de vacinação internacional.

2) Visto – basta comprar nos consulados de Cuba presentes em Brasília e São Paulo ou diretamente na companhia aérea no momento do embarque. Caso vá ao consulado, uma dica importante: eles não recebem a taxa em dinheiro ou cartão, portanto, informe-se da conta corrente e já faça a transferência antes, enviando o comprovante por e-mail ou levando-o impresso. + info aqui.Sobre comprar no balcão da companhia aérea, li que era apenas possível na empresa Copa, porém, viajamos pela Avianca e ofereceram o visto na sala de embarque da mesma forma. Minha sugestão, compre na hora – U$20.
O Visto é separado do passaporte, um pedaço de papel moeda onde estarão suas informações, guarde este papel para a saída de Cuba. Não há mais taxas para sair.

Visto de Cuba.

Onde Ficar

– Nas cidades: O mais indicado devido ao melhor custo-benefício são as casas particulares. No universo da internet você encontrará diversas recomendações e opções de casas, com seus preços variando conforme a localidade e qualidade. O problema é que muitas vezes o contato com o proprietário e a garantia de reservar podem ser vagos.

Após muito pesquisar, encontrei o Homestay, um site equivalente ao Booking que permite buscar inúmeras casas em Cuba de forma bastante automatizada e eficiente. Cada casa tem uma avaliação com comentários das pessoas que já se hospedaram e, de quebra, é possível reservar a casa utilizando o cartão de crédito, pagando uma porcentagem do valor total.
Caso você esteja na bonança financeira, pode também ficar nos hotéis mais famosos porém a um preço que pode variar entre 5 e 10x o de uma casa particular. Ouvi muitos comentários de pessoas que alguns hotéis, mesmo caros, não tem qualidade proporcional, além de serem mais antigos com carência de reformas.

Página de busca do Homestay do Centro + Havana Vieja. Podem notar que a quantidade de casas é enorme!

– Ilhas/Cayos e Praias isoladas: Com exceção de Cayo Largo, também é possível reservar casas particulares. Como havíamos planejado ficar 3 dias em um resort e passar por essa experiência, reservamos um pacote para Cayo Largo, incluindo transfers, passagem aérea e hotel. Falarei com mais detalhes no post sobre Cayo Largo.

Transporte

Em Cuba há muitos meios de transporte para o turista aventureiro, todos muito únicos.Em ordem de preço e inversamente proporcional à velocidade e conforto:

– Bici-táxi: uma bicicleta com duas rodas atrás, estilo rickshaw / tuk-tuk.

Bici-Táxi.
Bici-Táxis, respeitem a mão!

– Coco-táxi: uma motocicleta com duas rodas atrás e em formato de coco. Obrigatório fazer uma corrida nesse coco ambulante.

“Com sabor a Tropico”!

– Ônibus de viagem: não utilizamos porém é mais uma opção. Li que fazem muitas paradas, prolongando o tempo de viagem. Viazul é o mais conhecido.

– Táxi compartilhado: como um Uber Pool, são táxis normais porém param para outras pessoas, caso a rota seja comum. Também é muito utilizado para viagens inter-municipais.

– Táxi particular
Não tomamos os ônibus municipais pois preferimos andar a pé ou recorrer aos meios acima. Lembro que paramos para descansar em um ponto de ônibus e não vimos nenhum passar por um bom tempo. Os que vimos ocasionalmente nas ruas estavam bastante cheios. Não aceitam pagamento em CUCs, por isso você deve estar preparado com CUPs.

Agências de Turismo

Caso opte por contratar algum passeio de um dia ou mesmo um pacote como fizemos para ir à Cayo Largo, existem três agências principais: Havanatur, Cubatur e Cubatravel. Decidimos contratar o pacote antes de chegar em Cuba com a Havanatur, que entre as disponíveis foi a mais atenciosa via e-mail e telefone, além do melhor preço. Como eles tem escritório em São Paulo, foi fácil tirar todas as dúvidas e fechar negócio. A pessoa de contato foi o Dino – havanatur@uol.com.br.


Para pacotes como o de Cayo Largo, que necessita reserva em hotel e vôos eu recomendo comprar com antecedência. Já para os passeios diários como Viñales ou Varadero, basta ir até um dos hotéis mais famosos como o Inglaterra, Plaza e Ambos Mundos e procurar o guichê de uma das agências no hall da recepção. Todas as agências trabalham em conjunto – estatais – e no final você será buscado no hotel mais próximo de onde estiver hospedado por uma guia da Cubatur, no ônibus da empresa Transtur.

Relato parte 1 – Chegada em Havana

Na nossa primeira noite em Havana ficamos hospedados na casa da Yusi e Jorge, praticamente ao lado da Plaza Parque Central, na calle Virtudes. Eles foram muito hospitaleiros e, como eram mais jovens, pudemos conversar abertamente e partilhar das mesmas ideias e do momento que eles estavam vivendo, tentando imaginar os reflexos do regime para pessoas da nossa faixa etária. Em resumo, eles não apoiavam nenhuma vertente do regime e trouxeram verdades que nos deixaram pasmos e reflexivos! Falarei mais sobre as impressões socio e político-econômicas nossas e as que coletamos na viagem no próximo post.


A casa era pequena e alguns cômodos, nosso quarto incluso, haviam acabado de passar por reforma. Gostamos bastante do quarto, era pequeno porém novo e confortável. Ficava no segundo andar bem de frente para a rua e sua pequena varanda nos trouxe uma sensação a mais de liberdade e imersão no cotidiano. A Ana com certeza se lembrará dos vendedores nos acordando de manhã, gritando: “panadeeroooo!”.

Sala da casa de Yusi.
Vista para a rua, um dia normal em Havana.

Antes da viagem a Cuba, li com a Ana o livro A Ilha, de Fernando Morais, um relato feito por um jornalista brasileiro em sua visita à ilha no ano de 1975. O livro traz uma imagem muito positiva da Cuba pós-revolução com dados e exemplos mostrando que o regime estava de vento em poupa e que o futuro seria promissor. Não foi isso que vimos na prática, 40 anos depois. Calma, ainda vou falar com detalhes sobre isso!
Na Plaza Parque Central, nos deparamos pela primeira vez com a personalidade mais ilustre de toda história de Cuba, representado por esculturas em praças, escolas, prédios históricos e avenidas. Com seu bigode protuberante, olhar cético, um poço de coragem e confiança, certo de que suas ações trariam benefícios a longo prazo para o povo. Ninguém mais, ninguém menos que José Martí. Exagerei um pouco na descrição de propósito, já que víamos suas esculturas para onde quer que olhássemos!

José Martí em foto na Jamaica. Sua única foto de corpo inteiro.

Não por menos, Martí é um herói nacional em Cuba, intelectual, jornalista, filósofo e político, teve papel de destaque na Independência de Cuba em relação à Espanha. Suas ideias não morreram junto com sua queda em batalha, pelo contrário, serviram de combustível para os revolucionários socialistas que estariam por vir na metade do Séc XX.


Como tínhamos que viajar para Trinidad no dia seguinte, apenas tomamos nossos primeiros drinks e jantamos no restaurante do hotel Telégrafo.Combinamos com Yusi de chamar um táxi compartilhado que nos buscaria em frente à sua casa no dia seguinte.

Em breve postarei o relato de Trinidad e o mais Havana! Espero que tenham gostado das informações até aqui, comentem.
Fiquem com essas fotos durante a viagem e paisagem de Trinidad, uma cidade com muito charme.

Na estrada para Trinidad. Ano de 195…ops 2017.
Yo y Ana.
Trinidad.

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