Desde o primeiro contato que tive com o Egito, na escola, livros e filmes, fiquei fascinado pela sua grandiosidade e pela sua relevância e influência na história. Finalmente tive a oportunidade singular de conhecer esse país complexo, uma sopa cultural que ferveu ao longo de 5 mil anos e que fornece combustível para nossa imaginação ao mesmo tempo que esclarece um pouco mais como a humanidade se desenvolveu e se relacionou à partir dali. Espero que as dicas e minhas sinceras impressões ajudem e motivem vocês, futuros aventureiros, a explorarem esse pedacinho especial e único da África. Abaixo está o menu com todos os posts que escrevi para vocês.
- Cultura e Dicas Gerais
- Épocas do Ano / Calor
- Visto
- Assédio Turístico
- Pacotes e Agências
- Religião
- Turista Mulher (Pedir Relato para Ana)
- Comunicação e Dinheiro
- Assuã, Templo de Philae e Abu Simbel
- Cruzeiro Nilo e Templos (Kom Ombu, Edfu)
- Luxor: Vale dos Reis, Templos de Luxor e Karnak
- Cairo, Pirâmides Gizé e Esfinge, Museu do Cairo e Mercado Khan el Kalili
- Cultura e Dicas Gerais
Quem aí acha que é importante entender sobre o clima antes de viajar para um país tão próximo do deserto? A alta temporada acontece nos meses mais frescos entre Novembro e Abril enquanto que a baixa temporada é no pico do verão, de Junho até final de Agosto. Muitos relatos falam do calor escaldante durante o verão e ficamos bastante preocupados, inclusive quase mudamos a viagem para outro período, porém, depois de retornar, concluímos que foi ótimo ter ido nessa época. A região ao sul do Egito, próximo de Asuã, fica mais próxima da linha do Equador e dentro do deserto, portanto é onde faz mais calor em todo o país e, diferentemente da maior parte do país, ela fica ao lado da represa o que torna o ambiente mais úmido como uma sauna. Mesmo assim, é tolerável e a recomendação é de sempre vestir roupas leves, claras, chapéu e guarda sol, beber bastante água e buscar por sombras sempre que possível. Subindo para o norte do Egito as temperaturas vão ficando cada vez mais aceitáveis e, principalmente se você começar o tour pelo Sul, Cairo vai parecer relativamente fresco. O bônus por se submeter ao calorzão é que os templos e monumentos estarão muito mais tranquilos, sem as longas filas e aquela famosa muvuca de turistas que vemos nas fotos durante a alta temporada, ótimo para quem está buscando um cantinho com um pouco de paz para reflexão e admiração dos monumentos e templos, além de garantir ótimas fotos.
- Visto
Para conseguir o visto é bastante simples, li em alguns lugares que existe opção de requisitar aqui no Brasil antes de ir, mas sinceramente é muito mais fácil e direto requisitar logo na chegada ao aeroporto do Cairo. Tem um guichê antes da passagem pela imigração e basta pagar USD25 para que eles colem um adesivo do visto no seu passaporte na mesma hora. Tentem levar o dinheiro já trocado pois li relatos que eles não voltam troco, embora no nosso caso eles voltaram e não tivemos problemas. Estávamos acompanhando de um guia que nos recebeu no desembarque então isso também facilitou.
- Assédio Turístico
Esse é um ponto bastante polêmico, principalmente se você não está acostumado em fazer turismo em países mais carentes, onde a população depende fortemente do turismo para sobreviver. Além disso, pontos turísticos ao ar livre, que demandam uma caminhada e exposição, aumentam as chances de abordagem. O país que mais senti essa insistência havia sido a Jamaica e considero que o Egito está no mesmo patamar. Revelar publicamente que é Brasileiro em outros países é um ótimo começo para uma conversa de vendedor, por isso a dica básica é ficar na sua, não se expor à toa nem querer ser simpático em um local que uma venda vale mais do que fazer um amigo.
Existem 2 modos bastante distintos de turismo no Egito, o guiado e o independente. Quando você contrata uma agência e vai aos pontos turísticos acompanhado por um guia, os vendedores e espertões sabem disso e não incomodam, ou o fazem até perceber que o guia está junto pois existe um respeito mútuo entre o pessoal local. Agora se você for por conta própria, prepare-se para entrar no modo indiferente, ou será perseguido até se cansar pelos vendedores e pessoas querendo dar informação em troca de uma grana – incluso policiais carregando AK47s a tira colo.
A maior parte dos nossos passeios foi feito com agência e guia, optamos por esse modo para ter mais segurança e não ficar se preocupando tanto numa viagem que já tem seus desafios por conta da logística e calor. O custo é mais alto mas valeu muito a pena pela paz que tivemos. Caso opte em ir por conta própria e usar um Uber ou metrô para chegar até os pontos e explorar na raça, quanto mais você for indiferente e não esbanjar a simpatia brasileira, menos estresse irá passar. Pode ser difícil no início ignorar o pessoal pois esse é o ganha pão deles, mas pode ter certeza que logo atrás de você já estarão outros turistas simpáticos que acabarão comprando algo ou dando uma gorjeta.
Fora as situações mais inconvenientes, os egípcios em geral sempre tentam ser solícitos em situações como carregar uma bagagem, dar instruções que foram solicitadas, por isso é de bom grado dar uma gorjeta no mínimo de 20 Libras egípcias (apenas 2 reais na cotação em 2023).
- Pacotes e Agências
Como mencionei acima, nós optamos por fazer a maior parte dos passeios com uma agência. Conversando com amigos e colegas que já haviam ido ao Egito, além de pesquisas na internet, descobrimos 2 agências confiáveis e com experiência em turismo na região do Egito, Turquia e Israel. As agências são a Memphis e a Maktub. Depois de pedir cotação de pacotes com ambas, notamos que o atendimento da Memphis era excelente, com uma pessoa dedicada para responder todas nossas dúvidas por email e whatsapp. Decidimos fechar com eles e tudo deu muito certo. O pessoal que nos recepcionou, motoristas e os guias eram tudos muito profissionais. Destaque para os guias Amro (tour por Assuã e cruzeiro no Nilo) e Joseph (tour pelo Cairo), que além de serem especialistas em história, ainda falavam um ótimo português com direito a gírias e brincadeiras regionais que só usa quem conhece bem nossa cultura. Amro inclusive conseguia ler os hieróglifos, um espetáculo a parte.
O tour por Assuã, incluindo o cruzeiro no Nilo, recomendo fortemente fazer com uma agência pois se locomover pelos vilarejos onde os templos estão é complexo, sem contar as barreiras militares por onde passamos de van. Pensamos em vários momenos se chegar lá sem guia ou agência e mostrar o passaporte brasileiro seria suficiente para liberar a passagem. Já os passeios pelo Cairo são muito mais diretos e não vejo problema em pegar um Uber e ir aos pontos turísticos. Mesmo indo com o guia para as pirâmides e o Mercado Khan el Kalili, nós também saímos de Uber para conhecer um pouco a cidade, jantar, tomar um sorvete caminhando por ruas aleatórias e não tivemos problema algum.
- Religião
Foi a primeira viagem que fizemos para um país de religião islâmica e foi muito interessante conhecer de perto toda a cultura e costumes. Embora o Egito ainda tenha parte da população cristã, 85% da população é muçulmana e ouvimos diversas vezes o chamado para a reza ressoar pela cidade, tocado nos alto-falantes pendurados nas torres das inúmeras mesquitas. Foi um misto de sentimentos pois vimos os benefícios dos valores do islamismo gerando um ambiente seguro independente onde estivéssemos, dos locais mais turísticos aos bairros super escuros no meio do Cairo, tomando sorvete e caminhando sozinhos. Em contrapartida, cerceando algumas liberdades individuais, especialmente das mulheres em comparação ao que estamos acostumados aqui no Ocidente. Abaixo pedi para a Ana relatar sua experiência como uma mulher ocidental em turismo pelo Egito.
- Turista Mulher
Quando soube que viajaríamos para o Egito, me preocupei por saber que era um país em que o comportamento feminino esperado era muito diferente do ocidental.
– Ana Paula Ciriaco
Após muitas leituras, entendi que as turistas tem uma “colher de chá” e que não são obrigadas a cobrir o corpo como a maioria das mulheres muçulmanas fazem.
Ainda assim, eu preferi usar as roupas mais comportadas que consegui conciliar com o calor egípcio! Tanto para para proteger a pele do sol q quanto para tentar prestar algum respeito à cultura islâmica, eu usei muitas saias midi, vestidos longos e camisetas mais fechadas, deixando shortinhos para quando o local era muito turístico ou quando o sol realmente estava escaldante.
No entanto, nenhuma tentativa de me cobrir pode esconder o fato de eu ser turista pois a mulher islâmica, em geral, cobre boa parte do corpo quando não está em casa, incluindo punhos e tornozelos. Ser reconhecida como turista rendeu momentos muito engraçados como crianças me chamaram na rua, uns meninos virem atrás da gente na praia e até um grupo de adolescentes que pediu para tirar fotos comigo.
De uma forma geral me senti muito respeitada nesses locais em que estava com o Tiago e com os guias e quando acontecia alguma interaçao, parecia motivada por curiosidade. Posso dizer que apenas um acontecimento não foi legal – em um momento sem o guia, fomos sassaricar em um shopping. Uma mulher abordou o Tiago, como se ele fosse meu dono, e começou a falar muito brava. Depois de algum esforço entendemos que a minha saia, mesmo longa, estava mostrando um pedaço da minha perna! Nessa noite me senti mal e fiquei com bastante medo de ter desrespeitado demais a religião. Também fiquei pensativa sobre se todo o respeito a mulheres não muçulmanas acontece apenas em locais turísticos e com os guias.
Apesar dessa única experiência negativa, estar em um local em que você é visto como muito diferente, mas ao mesmo tempo respeitado é muito interessante e algo que eu recomendo! É bem possível que você se questione sobre seus próprios preconceitos e sobre de onde vem os sentimentos de inadequação: é dos outros ou de você mesmo?
- Comunicação e Dinheiro
Como mencionei acima, fizemos boa parte do tour com agência e guias que falavam inglês e português. Em geral, quando não estávamos com os guias, o inglês funcionava bem. Em relação a internet, ao chegar no aeroporto compramos um SIM card da Orange por USD13 com um pacote de dados que durou a viagem toda tranquilamente, recomendo comprar pois mesmo com roaming as operadoras de fora podem ter oscilação no sinal. Foi ótimo para conseguir se comunicar com a agência e guias quando estávamos fora das zonas com wifi (hotéis e bares).
Sobre dinheiro, levamos metade do que planejamos gastar na viagem em dinheiro vivo e o restante carregamos no cartão Wise. Caso precise trocar, não se preocupe em sempre ir em um guichê de aeroporto, vimos muitos caixas eletrônicos que você consegue tanto sacar quanto trocar seus dólares, isso mesmo, basta colocar a nota e ele identifica e emite o equivalente em Libras egípcias, muito prático. Encontramos esses caixas tanto nos aeroportos como nos hotéis que ficamos hospedados, normalmente no lobby.
Em breve postarei os relatos dos lugares que visitamos com detalhes, continuem acompanhando!