Manaus & Amazônia – Passeios e Gastronomia

Conhecida como “Paris dos Trópicos” no início do século XX, durante a época áurea da borracha, Manaus e seu manto natural, a floresta Amazônia, passaram por grandes mudanças socio-econômicas ao longo da história do Brasil. A região, povoada originalmente pelos indígenas Manaós, Barés e Tarumãs, foi oficialmente fundada em 1669 pelos portugueses, com a construção do forte de São José da Barra do Rio Negro.

Posterior ao período colonial e império, já no Brasil república se tornou o centro mundial da exploração da borracha, suprindo a crescente indústria mundial, especialmente na Europa e EUA. O resultado desse crescimento não só beneficiou a economia local como todo o cenário social, trazendo desenvolvimento na área da saúde, das artes, além de importantes decisões políticas para dentro da Amazônia.

Mudas foram levadas para serem plantadas em outras regiões e aumentar a oferta da borracha, diminuindo seu preço globalmente. Junto com as mudas também levaram a promessa de um desenvolvimento sólido e contínuo, que acabou se convertendo no contrário e num baque para a cidade e todos que dependiam do comércio da borracha.Após a criação da Zona Franca de Manaus em 1960 o progresso retornou à cidade, com indústrias de tecnologia inundando a região e impulsionando novamente investimentos e qualidade de vida dos moradores.

Foto do início do post: Teatro Amazonas visto da praça São Sebastião.

Em ótima companhia da minha namorada Ana, desfrutamos um pouco da cidade e arredores. Foram muitas atividades e selecionei as 5 que merecem destaque:

1 – Teatro Amazonas e Tambaqui de Banda

O Teatro foi um dos ícones do desenvolvimento na época da borracha. Com sua arquitetura européia neo-clássica, representa a riqueza artística que a região vivenciou. É um destino obrigatório e até óbvio adicioná-lo à lista. De qualquer forma, recomendo ir até o restaurante ao lado chamado “Tambaqui de Banda”, pedir o prato de mesmo nome, o peixe mais famoso de lá, e curtir a vista.O Teatro Amazonas sedia muitos eventos e no dia que estávamos lá uma cantora Japonesa se apresentava (um tanto inesperado!).

Exploramos por nossa conta o interior do teatro, decoração, trajes de época. Seus inúmeros mesaninos são abertos ao público e a entrada é grátis. Também é possível fazer uma visita guiada, porém nos contentamos com aquela experiência mais independente.

Teatro Amazonas.
Praça São Sebastião.

Na frente do Teatro está a praça São Sebastião. É um local onde as pessoas da cidade se encontram e socializam, onde ocorrem eventos e, por fim, um ótimo lugar para tirar algumas fotos. Ao redor da praça vocês encontrarão bares, restaurantes e sorveterias para resfrescar a mente e corpo do intenso calor tropical.

Aliás, estivemos em Novembro por lá e o calor estava aceitável.Sendo transparente, ao caminhar pelo centro e também de automóvel vi muitos casarões abandonados e que poderiam ser utilizados como casas de cultura, museus ou mesmo comércios, da mesma forma que aqueles próximos ao Teatro. Existe muito potencial ainda na região e falta direcionar o investimento para fomentar mais turismo. Manaus não é um destino barato e acessível no Brasil devido à distância e ao aumentar essa estrutura e oferta pode ajudar a tornar os preços mais atrativos.

Tambaqui de banda – prato do restaurante homônimo.

2 – Hotel de Selva

Ficar em um hotel de selva é uma excelente opção para quem está planejando fazer mais de um passeio pela floresta, se hospedando de 2 até 5 dias.Tem para todos os gostos e bolsos e após pesquisar bastante (Booking.com) decidimos ficar no Hotel Anaconda Amazon Island por 3 dias com refeições e passeios inclusos. O hotel oferecia um bom custo-benefício e o passeios foram muito prazerosos, além de nos possibilitar a experiência do contato com uma pequena fração da mata amazônica.

Para chegar até o hotel de selva um motorista nos buscou no nosso hotel (Saint Paul), próximo ao centro, e nos levou até um pequeno vilarejo na outra margem do Rio Negro em uma viagem de aproximadamente 40min. De lá pegamos um barco e depois de 20min chegamos ao destino.O hotel era simples porém com toda estrutura mínima necessária. Possuia uma casa principal com um grande terraço onde ficava a área comum com mesas, bar e cozinha. Ao lado, uma piscina e um quiosque com as famosas redes e, por fim, seguindo por um caminho feito de concreto, encontravam-se as casinhas e quartos. O guia Fábio que nos acompanhou nos passeios era muito simpático e experiente, não tivemos nenhum problema.

Contras: os chuveiros não tinham água quente e os colchões pareciam sempre úmidos. Mesmo que por conta do clima, eles deveriam colocá-los ao sol para garantir que secassem até a noite seguinte.

A coordenação logística do dono Eduardo e de seus colaboradores era ruim. Muitas vezes ouvimos o pessoal conversando sobre quem levaria os turistas de volta para a cidade, quem traria os novos, quando fazer isso, sem ter claro como executar o que deveria ser trivial para quem trabalha nesse ramo.

Primeiro dia

Seguimos para um passeio de barco de observação de pássaros e animais. Muitos pássaros no caminho porém poucos animais. Não encontramos nenhuma anaconda, felizmente J.

Ana relaxando na rede no hotel de selva.
Ana e Eu no início do passeio.

Ao cair da noite desse mesmo dia vimos muitos jacarés ao longe, com a luz do capacete do guia Fábio. Em um momento o barco foi chegando perto da margem até que o guia agarrou um filhote de jacaré nas mãos para o delírio de quem estava no barco. Seguramos o jacarézinho (avião) para algumas fotos e retornamos para o hotel.

No barco com o guia Fábio, poliglota.
Jacarezinho, avião!
Segundo dia

Caminhamos pelas margens do rio à procura de animais, local este que costuma ficar submerso em períodos de cheia. Nesse passeio vimos muitos macacos andando nas copas de árvores altíssimas. O clima dentro da selva era extremamente úmido, principalmente após uma chuva rápida que nos pegou de surpresa.Após a caminhada, fugimos de uma chuva torrencial, “amazonian style”, parando em uma plataforma flutuante, uma espécie de porto-seguro para os barcos pequenos e turísticos. Lá eu nadei com os famosos botos cor de rosa, uma experiência diferente mas que não achei tão incrível como os guias comentavam. Lembro da água morna do Rio Negro, os botos famintos pelos peixes e a chuva se distanciando no horizonte.

Caminhando no meio da selva.
Macaquinho avistado no meio da mata.
Terceiro dia

Antes de seguir com o terceiro dia, gostaria de lembrar que nas refeições do hotel comemos todos os preparos imagináveis de tambaqui: assado, frito, cozido, ensopado e farinha – o suficiente para matar a vontade de comer peixes com folga.Dessa vez, o francês que nos acompanhou em todos os passeios participou ativamente da pesca. Um senhor caricato que não falava uma palavra sequer em outra língua, apenas confirmava tudo o que o Fábio explicava com o “uí” certeiro.

Também nos acompanharam um inglês e uma americana.A primeira parte foi a pesca de piranha, quando todos conseguiram pescar seu peixinho, com destaque para a habilidade especial da Ana, que levou a piranha que havia acabado de fisgar até a cara do inglês – dando origem ao inédito “slapiranha”. J

Finalmente, fomos até uma comunidade indígena aprender um pouco sobre os hábitos mais tradicionais dos povos que habitaram e ainda habitam a região, muito antes da chegada massiva dos ocidentais. Acompanhamos uma apresentação de dança que fechou o passeio e a ótima experiência de estar ali em contato com a maior floresta do mundo.

Apresentação de dança tradicional.
Camarim.

3 – Visitar a Comunidade Lago do Catalão

Esse passeio foi surpresa pois nossa ideia inicial era apenas ir de barco até o clássico encontro das águas. Descobrimos, já no barco, que visita à comunidade estava inclusa. Quem nos levou foi um barqueiro simpático ali da região do Porto do Ceasa, Edison. Encontrei seu telefone na internet e o preço foi muito bom. Fone (92) 9138-6561.

Ana registrando o encontro das águas.

O encontro das águas também é um passeio obrigatório, preferencialmente com um barco baixo, onde você consiga colocar a mão na água e perceber apenas pelo tato quando o morno Rio Negro encontra o frio Solimões.Após o encontro o barqueiro nos levou até um pequeno braço de rio (ou lago, se preferirem) onde existem mais de 100 casas flutuantes, conhecida como Comunidade Lago do Catalão.

Foi impressionante ver aquela avenida fluvial, com suas casas, comércios, igrejas, escola e toda uma estrutura montada sobre as águas. Uma vida extremamente simples porém digna e de muito trabalho e pesca. Vale a pena conhecer para ter uma ideia da vasta gama social presente ali em Manaus. Na paisagem, além de todas as casas flutuantes, há muitas vitórias-régias.

Casas na Comunidade Lago do Catalão.

4 – MUSA – Museu da Amazônia

O MUSA – Museu da Amazônia fica na região extremo nordeste de Manaus, para chegar lá pegamos um Uber saindo do centro da cidade e demoramos aproximadamente 40min. Nosso vôo de volta era no final da tarde e a ideia foi utilizar a manhã para conhecer o museu e finalizar no item 5, logo abaixo.

Observando no mapa, o museu literamente fica na divisa entre a cidade e a selva, que segue sem fronteiras para o norte. Ele tem uma infra-estrutura boa, com trilhas bem demarcadas (mapa abaixo), pontos de interesse como um borboletário e um serpentário, a famosa torre de observação e, com estilo e padrão internacional, uma loja de souvenirs e uma lanchonete. A entrada guiada é R$50 e necessita reservar. Sem guia a entrada é R$30, sem necessidade de reservas (dados de Nov/2018).

Estávamos com nossas malas prontas e conseguimos deixá-las na loja de souvenirs, onde a atendente foi bastante solícita e garantiu que não teria problema deixar lá até voltarmos. Ótimo não ter que carregar todo aquele peso enquanto caminhávamos pelo parque.

Como mencionei acima, a principal atração é a torre de observação, que fica nos fundos do parque. Ela tem 42m de altura e é toda feita em uma estrutura metálica, dando uma impressão de que o vento conseguiria balançá-la a qualquer momento, se assim o quisesse. Lá no topo a vista é sensacional: ao fundo a cidade de Manaus enquanto que aos lados e à frente a mata amazônica é soberana e domina a paisagem esverdeando todo o solo, como um tapete verde até o horizonte.

Caminhos pelo MUSA.
Torre de observação.
Vista da torre de observação.

5 – Comer Matrinxã com Farofa de Banana

Antes de seguir para o aeroporto e nos despedir da cidade, tínhamos que completar a missão-peixe. Já tínhamos nos transformado em tambaquis naquele momento mas ainda faltava o famoso matrinxã. Próximo ao aeroporto encontramos um restaurante chamado Morada do Peixe, muito bem avaliado – chamamos um Uber e fomos direto para lá.

Pedimos o matrinxã com farofa de banana e fechamos o passeio com chave de ouro, em um dos melhores preparos de peixe que já comi. Foi a união da fome com um peixe saboroso recheado com nossa principal fruta tropical, em suma um prato especial. Não poderia ter sido melhor.

Espero que tenham gostado das dicas, visitem Manaus e contribuam para que essa cidade se desenvolva ainda mais com o turismo.

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