Hong Kong e China (Shunde)

Minha viagem ao oriente foi motivada e patrocinada pela empresa onde trabalho, para acompanhar o início de produção de um dos meus projetos. A minha primeira visita para o lado de lá do meridiano de Greenwitch e por isso sou extremamente grato pela oportunidade.
Mesmo dispondo de pouquíssimo tempo para explorar as cidades onde me hospedei, basicamente 1 dia completo em Hong Kong e uma tarde em Shunde, na China, tentei extrair o melhor e trazer as dicas para vocês que tem planos de viajar para esses dois países e conhecer suas inúmeras atrações.

A importância histórica e econômica da China e de Hong Kong, que atua como um país independente mas reporta politicamente à China, é imensa. Basta olhar para o PIB do primeiro, acelerando para tomar a posição dos EUA nas próximas décadas e saindo de uma condição rural há 30 anos atrás para uma potência comercial. Claro, muita evolução ainda está por vir porém não tira o seu mérito de jogar bem com as cartas do mundo.
Foto no início do post: Buddha gigante Tian Tan.

Hong Kong, em particular, estava no meus sonhos desde tempos antigos. Quem se lembra do ótimo desenho Street Fighter, o filme, onde os personagens exploravam o mundo em busca de conhecimento e técnicas de luta? Pois é, eles acabavam sendo atraidos para Hong Kong, onde a atmosfera transpirava lutas e o mundo underground revelava os maiores talentos. De fato, Hong Kong foi uma encubadora de lutadores de artes marciais, como Bruce LeeJackie ChanChow Yun-Fat e Yuen Woo-ping.

Hoje, o país se destaca pela sua estabilidade econômica, taxas de desemprego de 2,8% e entre os melhores países no IDH e PIB per-capita.
Ao chegar em Hong Kong você notará que a tecnologia estará jogando a seu favor.

Recomendado pelo saudoso Emmanuel Gonzaga, engenheiro e explorador de tecnologias nos países asiáticos, o cartão Octopus Card é essencial. Você pode comprá-lo em um guichê do aeroporto ou metrô, uma espécie de Bilhete Único (utilizado em São Paulo capital nos transportes públicos), recarregável e com o qual você poderá andar de metrô, ônibus, comprar comida (!), entre outros benefícios.

Máquina para compra do Octopus e também dos cartões para utilizar o metrô do aeroporto <-> região central de Hong Kong.

Octopus Card em mãos? Bora para o metrô. Falando nisso, o metrô de HK oferece wifi por um tempo limitado, o que ajudará muito quando você não se lembrar de qual estação teria que descer ou mesmo buscar um endereço esquecido dentro das suas anotações na nuvem.

A malha de metrô é extensa e bem interligada com os ônibus. Não se preocupe em andar de ônibus e se perder por não saber falar ou ler cantonês. Baixe o mapa da malha de ambos e fique atento aos painéis eletrônicos nesses transportes, tanto o metrô quanto o ônibus mostram os nomes em alfabeto latino das próximas estações. Se tudo der errado, todas as pessoas jovens falam inglês fluente (afinal, colônia inglesa) então, em último caso, pergunte.

Painel nos ônibus mostra o nome da próxima parada.

Hong Kong

1 – Victoria’s Peak ou Peer da Estação Tsim Sha Tsui

Você precisa sair à noite e dar um jeito de chegar às margens da Victoria’s Harbour para ver a paisagem dos arranha-céus e, se conseguir chegar às 8PM, curtir o Symphony of Lights, que é um show de luzes sincronizado.Caso queira ver tudo ao nível do mar, pegue um metrô até a estação Tsim Sha Tsui, lado terrestre (Kowloon) e então caminhe até o pier.

Outra opção, a qual eu adotei, é ir até o Victoria’s Peak. Fica do lado da Ilha de Hong Kong e de lá é possível ver tanto a ilha quanto a costa do ponto mais alto da região. Para isso, primeiro pegue um metrô até a Central Station (vermelha).

A partir da Central Station, há 2 opções:

1) ônibus (HKD 9.80 cada viagem): caminhe até a estação de ônibus e tome o ônibus linha 15 – The Peak. Pague com Octopus e aguarde chegar no topo após subir a motanha pelas ruas sinuosas, quase em espiral. Tempo até o topo de aproximadamente 40mi;

2) trem puxado por cabo (52HKD ida e volta): caminhe até o “The Peak Tram” e pegue o trenzinho lá. É mais rápido porém custa muito mais que o ônibus.
Lá no topo você poderá pagar 20HKD e subir no Sky Terrace ou simplesmente caminhar até o Lion’s Pavillion, um monumento que fica à direita e curtir a vista na faixa.

Vista Victoria’s Peak.

2 – Temple Street Night Market

A região da Temple Street é intensa durante a noite e vale muito a pena visitar. Se tiver coragem, também poderá comer uma lagosta ou polvo que são selecionados em uma das bacias com água que ficam na rua e vão diretamente para a panela.

Para chegar nessa região, desça na Jordan Station (vermelha) do metrô e então caminhe até lá. Eu estava curioso em ver o comércio e tive uma grande surpresa pois além da infinidade de bens de consumo como bolsas, calças, colares, eletrônicos, entre outros, você também pode comer em lugares onde o preparo é feito na hora, extremamente fresco.
Por fim, após caminhar entre os becos e ver os mais diversos itens eu parei na  esquina da Parkes St. com a Nanking St. em um restaurante bastante agradável e que servia noodles com frango frito, uma receita mais para tailandesa do que cantonesa. Seguro para a primeira noite.

Esquina repleta de restaurantes e algumas especiarias locais.

– Buddha Gigante Tian Tan

Sou agnóstico porém prometi para mim antes da viagem que iria de mente aberta e que visitaria os templos budistas que encontrasse, afinal era uma oportunidade única de conhecer um templo em território oriental e acima de tudo entender e respeitar ainda mais essa religião milenar.

Tian Tan – o Buddha gigante.

Uma das mais famosas estátuas de Buddha em Hong Kong fica na Ilha Lantau (oeste da Ilha de Hong Kong), chamada de Tian Tan Buddha, tem 34 metros e é feita em bronze. Nesse mesmo local fica o monastério de Po Lin, com arquitetura e decoração impressionantes.

Antes de sair pegando a mochila e garrafa de água, planejem-se para chegar bem cedo pois o número de visitantes é grande, principalmente durante os finais de semana e feriados. Para chegar até o local do Buddha, a montanha Ngong Ping, primeiro vá de metrô até a Central Station (vermelha). Lá, caminhe até a estação Hong Kong (interligação) e pegue o metrô no sentido da estação Tung Chung (laranja).Finalmente, descendo da estação, caminhe para fora e siga pela direita, até ver uma estação de teleféricos – Ngong Ping 360. Você poderá comprar o ticket para subir com o teleférico normal ou panorâmico (recomendo este último, fortes emoções na altitude!). 

Ngong Ping 360 – detalhe para a trilha lá embaixo que pode ser feita a pé para quem tiver coragem, tempo e energia!
Vista do Ngong Ping 360 compensa!

Também existe a opção baixo custo de ir de ônibus para o Buddha a partir da Tung Chung mas caso não tenha uma fila de horas para o teleférico, a vista compensará o custo adicional.
O caminho de teleférico segue as montanhas, passa por cima de um braço de mar e também próximo ao aeroporto internacional.

Existe uma trilha que segue o caminho do teleférico, nas montanhas abaixo – para quem topa subir esquentando as canelas e tem tempo para isso. Já lá no topo, o Buddha gigante aparece em meio a neblina e surpreende a todos.O local é bastante estruturado e chega a ser bem comercial, com souvenirs e shows de todos os tipos. Como meu tempo era curto, fui direto ao Buddha, subindo pela longa escadaria e finalmente contemplando a estátua e a paisagem lá do topo.

Estátuas que ficam ao redor do Tian Tan.
Monastério que fica dentro do parque de Tian Tan – lá dentro os Buddhas Dourados são de tirar o fôlego (proibido fotografá-los então vocês precisarão ir lá para ver!).

Após descer, visitei o Monastério e seus Buddhas dourados, um local bastante tranquilo e bonito, bom para refletir sobre a vida e objetivos futuros.

4 – Bairro Bohêmio Lan Kwai Fong e Roof Top

Após toda essa meditação, nada como um barzinho e cair na vida noturna de Hong Kong, não é mesmo? O bairro mais famoso para isso se chama Lan Kwai Fong, próximo de ninguém mais ninguém menos que a Central Station!

No caminho entre a estação e esse quarteirão de bares já nota-se a energia noturna, muitas pessoas caminhando nas ruas, músicas e sons se misturando, vindo das ruas e becos. É um local de bohemia e vale passar uma noite por lá, parar em um dos bares e tomar um drink, observando a frenética movimentação das pessoas em meio aos paredões de prédios.

HK e vida noturna.

Uma ótima oportunidade que fica no coração dessa região, especificamente na 32, D’Aguilar St, é a balada Celavi. A balada é normal mas a cereja do bolo é a opção de subir para o seu roof top apenas pagando um drink (até às 21h), e apreciar a vista dos prédios centrais da Ilha de Hong Kong no ápice da noite.

Roof Top Celavi.

5 – Comer Dim Sum

É difícil falar sobre onde comer em Hong Kong pois existem infinitas opções, todas servindo excelentes pratos da culinária cantonesa. Lendo recomendações pela internet afora, decidi ir em um dos restaurantes que serve o Dim Sum (bolinho recheado) e que foi agraciado com a famosa estrela Michelin. O custo dessa refeição? R$30.

O restaurante se chama Tim Ho Wan e possui franquias em diferentes locais da cidade. Como eu estava mais próximo da Central Station, decidi ir lá. Foi bem difícil chegar porque algumas estações de Hong Kong ficam dentro de shoppings imensos e, para dificultar ainda mais, existem elevadores que levam para andares específicos e nem sempre chegar até o subsolo que você deseja.

Dificuldade superada, cheguei e o lugar estava com uma fila longa, já imaginava. Fui persistente e não demorou mais do que 20min para me sentar. Sentar em uma mesa compartilhada no meio de duas famílias, onde não se encontrava espaço entre os dim sums, hashis e chás espalhados ao redor.

Tim Ho Wan – créditos da foto Trip Advisor.

Pedi o Baked Bun BBQ Pork (bolinho assado com carne de porco) e estava ótimo, acompanhado do bom e velho chá oriental. Depois pedi um outro que não me lembro o nome, cozido ao invés de assado, não era tão bom quanto o primeiro. Uma refeição gostosa por um preço justo e na minha opinião um fator que deveria ser um dos principais para definir uma premiação de um restaurante.

6 – Outros Templos – 10000 Buddhas Monastery

Existem dezenas de templos em Hong Kong e para quem tem pouco tempo como eu tive (2 dias aproximadamente), é preciso escolher a dedo qual visitar.Um que consegui ao menos conhecer a grande escadaria, pois o lugar principal no topo já estava fechado, é o Ten Thousand Buddhas Monastery, ou monastério dos 10 mil Buddas.

iteralmente há 10000 Buddhas nesse lugar e desde o início da escadaria você já terá a surpresa de encontrar com buddhas dourados de diferentes perfis e expressões.

Início da escadaria, com seus Buddhas dourados.

Construído em meados do século XX, o templo fica ao lado da estação Sha Tin, na 220 Pai Tau Village. É possível chegar de metrô e então ir caminhando por 10 minutos até sua entrada.

China (cidade de Shunde)

Baolin Temple – em Shunde.

Uma coisa é ouvir falar sobre o crescimento de 8-10% constante da China, outra é olhar pela janela do taxi em qualquer direção aleatória e ver ao menos 10 gruas se perdendo no horizonte, construindo sem parar edifícios enormes. Essa foi minha primeira impressão ao chegar lá, além do seu céu sempre em 50 tons de cinza.

A região sul da China, mesmo estando ao lado de Hong Kong, possui diferenças cruciais que tornam o turismo muito mais complexo para quem não fala a língua nativa. A maior dificuldade que senti durante uma semana na cidade de Shunde, bastante próxima de Hong Kong, foi em relação à comunicação, tanto verbal como visual. Abaixo descrevi o que vivenciei e o que fazer para minimizar essas situações.

As pessoas em sua grande maioria não falam inglês e não entendem nomes famosos como McDonald’s ou Sheraton (hotel). Os chineses tem pronúncias específicas com suas sílabas e tons próprios para que se tornem assimiláveis e confortáveis para eles. Não é uma diferença sutil como em “porta” e “horta”, mas sim algo entre “mãe” e “cavalo”. Ficou fácil, né?

Um exemplo cômico que vivi foi no hotel onde me hospedei. Tinha comido uma banana depois do café e queria jogar a casca fora – situação problema mais simples de resolver impossível. Claro que não encontrei nenhum lixo próximo e fui pedir para uma funcionária jogá-la para mim. Ao requisitar em inglês e fazer mímicas, ela disse “ok” e retornou após 2 minutos com um porta óculos aberto, fazendo um sinal para que eu colocasse a casca de banana lá (???).

As recomendações para tentar superar essa dificuldade são:

1) ter o google translate com dicionário offline de chinês sempre em mãos;

2) imprimir fotos de locais e nomes escritos em chinês para poder mostrar à um atendente ou taxista;

3) sempre andar com cartões de visita ou de lugares como seu hotel ou hostel – originais em chinês – para poder mostrar e pedir ajuda.

Tive apenas uma tarde livre e utilizei esse tempo para visitar um dos templos que estavam próximos, o Baolin Temple. Não me arrependi pois foi o lugar era muito bonito e amplo, para curtir a paisagem durante a longa caminhada entre lagos, pontes e templos.

Para ir até lá, chamei um taxi do hotel e mostrei no meu celular o endereço. Mais uma vez algo simples se tornou complexo pois o templo tinha várias entradas e o taxista ficou um tempo olhando para mim na frente de uma delas aguardando uma reação. Após escrever com detalhes que eu queria comprar ingressos e visitar o templo no google tradutor, ele ligou para o hotel e deu o celular para que eu falasse com a atendente. Ela voltou a falar com ele mas nada feito, ele continuou dirigindo sem passar muita confiança de onde estava indo. Milagrosamente, chegou até a entrada depois que eu apontei contente.

O custo dos taxis lá é bem baixo, em média 12RMB para iniciar + 3RMB por km rodado.
Chegando ao templo, comprei o ticket de entrada (30RMB) e iniciei a caminhada, primeiramente por algumas praças no nível do solo e então subindo vários lances de escada, onde no final de cada um havia uma construção digna de filmes, com cores e itens esculpidos nos mínimos detalhes do chão ao telhado.
As pessoas observavam, oravam e meditavam numa paz absoluta. Nessa tarde choveu um pouco e o barulho mais alto que eu pude ouvir era o das gotas batendo nas folhas das árvores vagarosamente, enquanto o vento pulverizava o cheiro de incenso. Acabando com o romantismo, não gosto muito de incenso. J Ali, porém, eles se concentravam em pontos específicos e por ficar ao ar livre, o cheiro era mais disperso e fraco.

Baolin Temple.

Após a visita ao templo, eu saí de lá e segui até um parque que fica bem ao lado, chamado Shufengshan Park, pelo portão sudoeste – entrada gratuita.Lá caminhei ao redor do grande lago central, tirei boas fotos das pontes e pequeno monumentos, seguindo até o imponente portal principal, com 88 metros de largura e 38 de altura, é um portão que apequena qualquer ego humano inflado. E olha que tem egos grandes por aí.

Buddhas dentro de um dos templos.
Torre Taiping.

Finalmente, continuei a circundar o lago para encontrar com a torre chamada Taiping. Novamente uma arquitetura muito bonita e de se apreciar com tempo.Ao lado do portão, os banheiros ficam dentro de um jardim oriental, com uma decoração e árvores prontas para serem cenários da sua fotografia.

Portões da entrada do parque. Observem as pessoas na base para ter uma idea da grandiosidade desse monumento.

Essa foi minha breve porém marcante experiência na China. Espero que tenham curtido o relato. Comentem!

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