Natal, Maracajaú e Pipa – Rio Grande do Norte

Após um pouco de prosa e reflexões sobre a atual pandemia, resolvi escrever novamente sobre viagens, buscando explorar as boas lembranças e mudar o tema que atualmente satura praticamente todos os canais de comunicação e notícias 24h por dia, 7 dias por semana.

Essa viagem para o belíssimo Nordeste inclusive aconteceu poucos dias antes do primeiro caso de COVID-19 no Brasil e naquele momento ainda não tínhamos ideia que 1 ano após aquela viagem ainda estaríamos vivendo com restrições, surtos da doença e negacionismo por parte dos líderes políticos – a baboseira sobre a terra plana já não era o bastante?

Minha gatinha e esposa Ana me acompanhou na viagem e o plano foi passar 2 dias em Natal e então seguir para o município de Tibau do Sul e ficar mais 3 dias. É lá onde está a famosa praia de Pipa com suas belíssimas falésias e paisagens de tirar o fôlego, mesmo daqueles que não perdem a oportunidade de curtir uma praia durante um final de semana ou nas férias.

Natal

Em Natal, a primeira particularidade é a distância significativa do aeroporto até os pontos de interesse no centro ou praias próximas. O tempo para chegar de carro ao centro de Natal a partir do aeroporto é em torno de 40min. Alugamos um carro para poder ter um pouco mais de liberdade para transitar e explorar os lugares, além de facilitar o deslocamento posterior até Pipa.

Ficamos hospedados na praia Ponta Negra, no hotel Pérola. Essa praia é famosa pelo Morro do Careca, um morro alto ao sul cortado verticalmente por uma faixa larga de areia, como se por descuido do cabeleireiro a maquininha zero houvesse escapado da base e deslizado rapidamente morro acima, retirando todas as árvores e deixando apenas a areia. Também é na praia de Ponta Negra onde estão a maioria dos hotéis, bares e restaurantes badalados, como por exemplo o Camarões e o Farofa D’Água.

Morro do Careca – Ponta Negra. Fonte: agorarn.com.br
Nós no restaurante Camarões.

Camarão que dorme, a onda leva, já dizia Arlindo Cruz, porém o povo potiguar está longe de se deixar levar, afinal é o maior produtor nacional desse fruto do mar. Como curiosidade, potiguar em Tupi significa comedor de camarão. Na nossa primeira noite aproveitamos para jantar no Camarões, um lugar realmente especial, com muitos pratos litorâneos e onde provei o melhor prato com camarão da minha vida. Ao visitar Natal as oportunidades de comer bem não faltarão, aproveite principalmente para explorar a gastronomia local.

Maracajaú

Praia de Maracajaú
Maracajaú
Coqueiros em Maracajaú

No dia seguinte fomos até Maracajaú, uma praia ao norte de Natal, 1h20 de carro saindo de Ponta Negra. Recomendo fazer o caminho pelo centro de Natal para passar sobre a ponte Newton Navarro, que está entre as maiores pontes estaiadas do Brasil. Com seus imponentes 100 metros de altura, proporciona uma bela vista do oceano na ida e do centro de Natal no retorno da viagem, além das suas funções principais de conectar os dois braços de terra, mantendo o acesso ao porto da cidade.

Ponte Newton Navarro, Natal, RN. Fonte pontodevistaonline.com.br

Maracajaú é famosa pelos passeios de barco e mergulho com snorkel em áreas com corais. Não foi necessário agendar com antecipação o passeio, fechamos na hora mesmo e pagamos o valor de R$80 por pessoa. A praia é tranquila e a cidade bem pequena, mesmo assim o passeio surpreende principalmente pelo nível de conservação dos corais e a vida marinha que é possível observar durante o mergulho.

Ana no mergulho.
Mais um pouco de coqueiros.

O passeio dura em torno de 3h no total e no retorno ainda tivemos tempo para almoçar – adivinhem o quê – caldo com frutos do mar, claro. Após uma caminhada pela praia retornamos para Natal e nos preparamos para o próximo dia.

Importante observar a tábua das marés antes de realizar esse passeio em Maracajaú, em geral é necessário chegar cedo antes da maré começar a subir. Em casos específicos que a maré se mantém alta ao longo da maior parte do dia, é melhor revisar o plano e ir em um outro dia.

Diogo Matos – o mineiro.

Pipa

Pipa, papagaio, barrilete, pandorga – já diria o saudoso Jorge Ben. Mas a história de Pipa não tem nada a ver com o brinquedo engenhoso que atrai olhares para o céu e rouba sorrisos da criançada. O batismo da cidade foi por conta dos portugeses, ora pois – ao observarem uma rocha que fica na praia e que tem um formato de barril, ou “pipa”, em português de Portugal.

Saímos cedo de Ponta Negra e seguimos por um dos dois caminhos possíveis que levam até Pipa. Preferimos o caminho via litoral para poder ir parando e apreciando as diversas praias que presenteiam os turistas com belas paisagens, essa rota é conhecida com Rota do Sol e é um pouco mais longa (+30min), fica a critério de cada um. Nesse mesmo caminho visitamos o maior cajueiro do mundo, o Cajueiro de Pirangi, que é tão imenso que parece mais um parque para quem passa desavisado. Tem uma estrutura com passarelas em madeira por baixo da sua copa e vale a visita caso esteja próximo. Antes de seguir viagem, não conseguimos resistir e compramos alguns pacotes de castanha de caju para trazer de volta, afinal o preço em São Paulo é em torno de 2-3x o que se paga lá.

Embaixo do cajueiro….
….e por cima dele.

Depois do cajueiro, continuamos pela estrada por mais 1h30 até chegar na pequena, charmosa e simpática cidade da praia de Pipa. Com seu centro convidativo, repleto de bares e restaurantes, a viagem já começava a valer a pena desde a chegada. Se você tem planos de ir diretamente do aeroporto de Natal para Pipa, existem transfers confortáveis que fazem essa rota diariamente.

Ficamos hospedados num lugar ainda mais especial do que a primeira impressão da cidade, o Galeria Hostel, gerenciado por um amigo de longa data, o mineiro Diogo Matos. Se você, viajante exigente, planeja visitar Pipa e quer se hospedar num lugar confortável, interagir com pessoas bacanas, estar a menos de 50m da praia do Amor e de quebra ainda contar com a hospitalidade mineira – fui para BH diversas vezes e posso afirmar que é a melhor do Brasil – recomendo que procure o Galeria.

Primeira foto após a chegada no Galeria Hostel.

Depois da acalorada recepção e muita conversa (faltou só o queijin), o Diogo nos ajudou com o plano para curtir ao máximo as atrações da cidade, que vou descrever melhor a seguir.

Deixamos nossas malas no quarto e saímos para a Praia do Amor, que como mencionei fica tão próxima do hostel que é possível ir a pé tranquilamente. Uma característica e assinatura das praias da região são as falésias, paredões de pedra e terra que se formam logo após a faixa de areia no sentido do continente e que contribuem para as paisagens espetaculares – haja fotografia e selfie! Ainda por conta desse relevo, em praticamente todas as praias existem escadas para facilitar o acesso da parte mais alta até o nível do mar.

Placa na entrada da praia, uma das poucas artes que não foi feita por Rafa Santos (@rafasantos_pipa), mas segue as mesmas cores das que estão por toda parte em Pipa.

A Praia do Amor é uma praia movimentada e frequentada principalmente por surfistas em busca de ondas “maneiras”, moldadas pelo solo e vento propícios. Se você quiser se aventurar no surfe, tem uma galera muito pró que dá aulas. Para os surfistas de trem e de ônibus como eu, não se preocupem, ela tem uma ótima estrutura com diversos quiosques, chuveiros e espreguiçadeiras confortáveis onde você poderá relaxar, tomar um drink e curtir a paisagem. Fizemos exatamente isso e para acompanhar pedimos algumas ostras que, assim como o camarão, também são abundantes na região. Foi a primeira vez que provei ostras e gostei muito, super frescas!

Chama na Ostra!

A noite em Pipa é uma experiência que soma às paisagens. Você pode caminhar tranquilamente pelo centrinho e escolher um restaurante ou bar entre as inúmeras opções. Vale destacar os bares próximos a Rua do Céu e shows de forró no Agora.

Bares e restaurantes fervendo na noite pupense.

No dia seguinte saímos para um passeio com quadriciclo, agendado direto no hostel. O tour passa por alguns pontos no topo das falésias, que são mirantes naturais com vistas incríveis, dignas de um quadro e ótimos lugares para fotos uma  rápida meditação. A continuação do passeio é por um caminho paralelo à orla da praia que por fim chega em um restaurante com opção de dar uma volta de caiaque no rio próximo. Ali tomamos um caldinho de peixe e em seguida voltamos para a cidade.

No quadriciclo. Ana no piloto.

Em todos os momentos que retornamos ao hostel, a piscina sempre nos observava convidativa, não tinha nada melhor para relaxar após as longas caminhadas e aventuras pelas praias. Lembrando que a temperatura da piscina, assim como a do mar, é praticamente morna – agradando até os friorentos de plantão.

Piscina do Galeria Hostel.

Além das praias, tanto o nascer quanto o pôr do Sol em Pipa e região são muito procurados, não vou dar detalhes pois quem conhece bem a área e os mirantes para essa observação é o Diogo, assim, quem quiser ver os espetáculos do sol do melhor lugar, fale com ele.

No caiaque, ao lado do restaurante no fim da trilha de quadriciclo.

Outro passeio bem legal e o último que fizemos é sair da Praia do Amor e ir até a Praia do Madeiro caminhando pela orla. Fazendo isso é possível conhecer 4 praias no total: Amor, Pipa, Golfinhos (eleita uma das praias mais bonitas do mundo) e Madeiro. A dos Golfinhos não se chama assim a toa, olhando da areia já é possível vê-los e caso você queira remar do lado de um, basta alugar um caiaque.

Foto de golfinho saltando na praia de mesmo nome. Fonte: blogdofm.

Um ponto de atenção é sobre a variação das marés. Os passeios e atividades turísticas são ditados pela variação das marés, principalmente quando envolve atravessar de uma praia para outra pela faixa de areia. Nesse passeio que comentei acima, o ideal é sair muito cedo para não ter a travessia entre a praia dos Golfinhos e Madeiro bloqueada pela água.

Falésias.

Existem inúmeras atrações para curtir em Pipa e região, não citei todas intencionalmente para que você, querido leitor, se sinta motivado a visitar tanto Natal quanto Maracajaú e Pipa. Com certeza não irá se arrepender e digo isso pois já quero voltar. Foi uma experiência memorável (nome do blog!) não só pela natureza, paisagens e pessoas que pude rever e interagir, mas por ter sido logo antes de todas as retrições que a pandemia nos impôs, tornando essas lembranças ainda mais significativas.

Esse aqui dormiu!

Aguardo ansiosamente o mundo novamente saudável para poder revivê-las.

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