Aos meus caros compatriotas, que devem ter se questionado inúmeras vezes sobre quando eu escreveria acerca de um destino no nosso país, o Brasil varonil, terra de oportunidades e dificuldades, de samba e pandeiro. Pois bem, vou relatar uma viagem para o Espírito Santo e a subida ao 3º pico mais alto do país – o Pico da Bandeira (2892m).
O planejamento da viagem foi baseado principalmente na subida ao Pico, que fica na fronteira entre os estados do Espírito Santo e Minas Gerais. A ideia surgiu durante algumas reflexões minhas em encarar algo diferente, um desafio que misturasse dentro do mesmo balaio um destino novo, paisagens naturais, caminhada e superação. Como passaríamos rapidamente por Vitória – ES, também aproveitamos para rodar um pouco pela cidade, o resultado você confere abaixo.
Convidei para essa aventura o meu amigo Pedrão, que passou a ser um bom parceiro para fazer trilhas desafiadoras, em viagens para locais inóspitos. Também encontraríamos nessa viagem um capixaba sangue bom, o anfitrião Israel.
Foto no início do post: Convento da Penha.
Espírito Santo – Vitória e Vila Velha
Pegamos um vôo em Congonhas – SP, rumo à capital capixaba, Vitória. Chegando lá alugamos um carro, que seria o meio de transporte até o Pico e que nos ajudaria a fazer todo o roteiro em tempo hábil. Depois disso, fomos até o hostel, chamado That Hostel, que havíamos reservado no Hostel World, que ficava entre o Centro e a Cidade Alta. Hostel bom, bem localizado e confortável.
Apenas um detalhe engraçado e marcante da viagem, como eu sabia que alugaríamos um carro acabei levando um pen drive com algumas músicas, que rodaram em loop infinito durante toda a viagem. Um mix de Jorge Ben, The Doors e músicas andinas. Segue um dos sons que o Pedro com certeza lembrará:
Vitória é uma cidade compacta e de carro é possível ir à maioria dos lugares em menos 30 minutos. Depois do hostel fomos até a praia Camburi, que é a mais badalada por ali, com um calçadão largo, pista de corrida, academias ao ar livre e bem iluminada. Ali também é possível encontrar alguns quiosques e, justo no dia em que chegamos, estava acontecendo um esquenta para o famoso Forró de Itaúnas.
Depois de jantar em um restaurante próximo, com atendimento ruim e demorado, fomos até este quiosque, mais próximo do final da praia, no sentido da Praia do Canto, para curtir a banda e a galera raspando a sandália no chão. Ali talvez surgiu a vontade de ir para Itaúnas, que espero realizar ainda neste ano.
No outro dia, após o batismo de praia com forró, fomos dar uma volta no Centro e Cidade Alta. Muitos casarões históricos e igrejas por ali, porém muitos estavam reformando. Conseguimos visitar o Palácio Anchieta, a Capela de Santa Lucia, a Catedral Metropolitana, Convento São Francisco e também tirar umas fotos na frente do Teatro Carlos Gomes. Indo em direção à baía encontramos o porto, um dos mais importantes do país, porém sem muito o que fazer por ali.
Um detalhe sobre a Cidade Alta, para se resguardar dos diversos ataques de indígenas, franceses e holandeses nos primórdios de Vitória, os primeiros prédios foram construídos na parte alta, mais afastada do mar. Assim, os prédios mais antigos e tradicionais encontram-se ali, além de diversas escadarias.
No dia seguinte fomos para Vila Velha, atravessando a belíssima Terceira Ponte. Em Vilha Velha, um pequeno bairro mais bohêmio e comercial, é obrigatório visitar o Convento da Penha. Para chegar até lá há diferentes opções: de van, a pé pelo caminho das vans e a pé por escada de pedras íngreme e tortuosa, ideal para quem quer subir e já ir pagando os pecados pelo caminho. Escolhemos subir a pé pelo caminho das vans e depois descer pela escada. Lá no topo a vista é sensacional, um porta retrato de Vitória, sua baía e a Terceira Ponte, com o oceano sumindo no horizonte. Dentro do Convento também é possível admirar muitos quadros, decoração e móveis originais de época.
Depois de descer a tal da escadaria fomos almoçar em um restaurante excelente chamado Caranguejo do Assis. Bobó de Camarão foi o prato da vez.
Além do convento, a praia em da Costa em Vila Velha tem uma boa estrutura de chuveiros e quiosques, além de ser mais adequada e agradável aos banhistas.
Parque Estadual da Pedra Azul e Venda Nova do Imigrante
No dia seguinte caímos na estrada rumo à casa do Israel e depois para visitar o Parque Estadual da Pedra Azul, aproximadamente 100km de distância por um estrada de pista simples e sinuosa, BR-262. Devido ao horário restrito, decidimos apenas percorrer a Rota do Lagarto, o suficiente para admirar a paisagem e a Pedra Azul, que tem sobre sua lateral uma famosa pedra em formato de Lagarto.
O parque tem trilhas de níveis fácil e intermediário, além de piscinas naturais formadas nas áreas planas entre encostas de pedra. Interessante de visitar principalmente no verão e de quebra, se refrescar. Para entrar, é necessário fazer a reserva no site Pedra Azul do Aracê com no mínimo 24h de antecedência e também contratar um guia dependendo das trilhas a serem feitas. Outras informações da região como hospedagem e eventos podem ser encontradas no site da Prefeitura de Domingos Martins.
Na casa do Israel fomos muito bem tratados e sua mãe Eliana nos contemplou com o tradicional Frango com Quiabo, feito em uma panela gigante de causar inveja a qualquer chefe gourmet. A família do Israel é bem conhecida na região de Domingos Martins pois cultivam e vendem alfaces hidropônicas de diversos tipos, de encher os olhos. Nunca havia comido uma salada feita com folhas tão perfeitas e frescas. Se estiverem por lá, não deixem de visitar: Hidroponia Rosa de Saron, no facebook.
Como só tinhamos uma noite ali na região combinamos de ir até uma cidade chamada Venda Nova do Imigrante, conhecida nacionalmente pelo Festival da Polenta. O festival ainda estava para acontecer mas planejamos os dias para chegar lá em uma festa pré-Polenta, conhecida como Serenata Italiana!
Venda Nova é uma cidade tipicamente de imigrantes italianos, que chegaram no final do Séc. XIX e conservaram a cultura e o espírito comunitário até os dias de hoje.
Quando chegamos já haviam muitas pessoas nas ruas caminhando e se dirigindo em passo ritmado até um grande espaço de eventos, onde a festa seguiria noite adentro. No caminho, alguns tratores, carroças com fornos e carriolas levavam os locais vestidos em roupas típicas, ao mesmo tempo em que iam cozinhando queijos e polentas para servir generosamente quem passava. A experiência foi muito interessante e sentimos um forte sentimento de união em todos os grupos que estavam lá.
Já no galpão, os tratores deram espaço para fornos maiores e barracas onde podia-se provar desde amendoim caseiro até salsichas e polenta com queijo. Ficamos ali curtindo o ambiente, tomando vinho e vendo apresentações de dança típica. Após o final, ficou uma grande vontade de voltar para a grande festa da Polenta, quem sabe em uma próxima oportunidade?
Voltamos muito satisfeitos com o evento e dormimos bem, acordando cedo para seguir para o Parque Nacional do Caparaó e encarar o Pico da Bandeira na madrugada do mesmo dia. Essa parte da aventura contarei no próximo post, espero que tenham gostado do relato. Comentem!