Nazca e suas Linhas
Chegamos em Nazca de manhãzinha, a cidade estava vazia e ficamos caminhando por um tempo até encontrar uma alma ou de preferência um guichê de informações turísticas para pegar um mapa e explorar as redondezas. Nada de encontrar esse guichê e um taxi finalmente apareceu. De acordo com nosso roteiro não dormiríamos em Nazca, faríamos todos os passeios mais interessantes e à tarde já iríamos para a próxima cidade. E assim foi, o Vinicius era quem mais apreciava a insanidade do roteiro, onde não considerávamos pernoites sem nó, ou seja, dormir só em ônibus ou em cidades que valiam a pena. 🙂 Combinamos com o taxista o que iríamos fazer e fechamos um pacote de transporte. Para começar fomos até os aquedutos de Nazca.
Foto no início do post: Aquedutos em Nazca.
A cidade foi batizada Nazca devido aos povos de mesmo nome que viveram lá entre 100AC e 800DC. Segundo estudos arqueológicos foram esses mesmos povos que desenharam as famosas linhas. O que permanece inexplicado são os desenhos em forma de extra-terrestres e, tentando achar essa resposta, nos enfiamos num avião monomotor e decolamos sobre o deserto. Veja a seguir nos próximos parágrafos.
Voltando aos aquedutos, eles foram construídos com a finalidade de transportar água das regiões distantes para a população da cidade. Visitamos os círculos que foram construídos sobre os aquedutos, como se fossem caracóis partindo da superfície para o fundo da terra com a finalidade de oxigenar a água que passava rumo à cidade.Fomos então para o pequeno aeroporto da cidade para pegar o teco-teco e sobrevoar as linhas e desenhos escritos há muito tempo nesse desertão.
O aeroporto era um galpão simples porém com uma estrutura suficiente. Frio básico na barriga na sala de espera, que estava mais para um saloon e, após todos os preparativos, entramos no avião.Nunca havia voado em um avião tão pequeno e com motor turbo-hélice, não sei descrever se a emoção maior era por estar sobre as linhas, sobre o deserto ou dentro do aviãozinho. Ele fazia uma rota definida a qual íamos acompanhando num folder, para cada desenho o avião inclinava 45 graus primeiro para esquerda e depois direita, para todos verem. Era fácil ver os desenhos a olho nú porém não foi fácil fotografar.
A experiência foi muito legal e melhor ainda quando pousamos a salvo, como o ser humano gosta de espalhar histórias de tragédias, até subir no avião já tínhamos ouvido alguns relatos dos acidentes que aconteceram no passado. Tudo certo com a gente, todo mundo vivo galera! Ainda conseguimos comprar souvenirs no aeroporto, os preços eram bons lá. Por fim, fomos almoçar perto da praça central. A cidade é bem pequena e tem alguns restaurantes turísticos mas preferímos um tradicional, com direito a suco do Chaves, saindo com concha de um balde. O estômago agradeceu mas passamos bem no final. À tarde, na rodoviária novamente, partimos para Ica e seu oásis, 2h30min de viagem.
Ica
O tempo não para e por isso ao chegar em Ica queríamos aproveitar o máximo do fim de tarde, pegamos um táxi para Huacachina e partimos para o famoso oásis que fica a 20min aproximadamente. Chegar nesse oásis foi incrível, paisagem de filme. O táxi percorre uma estradinha sinuosa que passa no meio de dunas altas de areia para, no final, surgir o oásis. Uma lagoa no meio de um caldeirão de dunas muito altas.
Pedimos para o taxista nos levar a uma agência de turismo em Huacachina, dentre várias que tem ao redor da lagoa. Na mesma hora fechamos um passeio de buggy e sandboarding. Nos trocamos na agência mesmo e partimos para o mundão de areia no buggy tunado a la Mad Max.
Esses buggys são carros grandes sem carenagem, apenas com uma estrutura metálica, pouco parecidos com os buggynhos dos lençóis maranhenses que fazem os passeios pelas dunas nordestinas. Normalmente levam 5 pessoas além do piloto mas como já era tarde só fomos eu e o Vinicius. O piloto fez um caminho louco, subiu e desceu, ou melhor, mergulhou nas dunas ao redor do oásis. Em um momento ele parou e pediu para descermos, deu uma aulinha de 10min de sandboard e então pediu para tentarmos descer uma duna média. É difícil no começo e a técnica básica é ficar encarando a duna, dando as costas para o penhasco, fazendo zigue-zagues até chegar ao pé da duna.
Caímos umas vezes mas foi divertido, depois ele nos levou a uma duna nível intermediário, dava medo de levar um caldo naquela e acabar comendo areia, mesmo assim arriscamos.Ainda andamos um pouco pelas dunas mas já era noite, quando voltamos para o oásis a paisagem era ainda mais cinematográfica. O piloto parou no alto e lá embaixo vimos as luzes da miragem. Voltando à pequena cidade encontramos um hostel, deixamos as coisas lá e fomos com o taxista para visitar uma destilaria de pisco em Ica.
Foi um passeio rápido devido ao horário mas mesmo assim valeu a pena e pudemos ver os antigos recipientes de barro onde eram armazenados litros e litros da bebida. Era um boteco estilo os do Brasil com o famoso tecladista de forró. Isso porque, lá fora, apesar do frio, estava rolando um som típico e a galera encharcando o caneco nas mesinhas.Depois desse passeio voltamos à Huacachina para procurar um lugar para comer.
A cidade estava vazia e pensamos que aquele seria o fim do longo dia. Mas não, meus caros amigos.Paramos em uma lanchonete de frente para a lagoa, alguns franceses bebiam e falavam alto, parecia um bom começo para desenrolar uma noitada. Conhecemos uma moça peruana simpática lá e que se engraçou com o Vinicius noite adentro. A continuação da noite foi em um outro bar, estava vazio mas os franceses fizeram a festa mesmo assim, curtimos um pouco de música e depois finalizamos a jornada.
Esse dia foi realmente o mais louco porém o mais produtivo, começou na madrugada quando saimos de Arequipa rumo à Nazca, lá voamos sobre as linhas no deserto e conhecemos os aquedutos. Depois, fomos para Ica, passamos na destilaria de pisco e de quebra rolou um sandboard em Huacachina, provando que é possível sim fazer esse roteiro em 1 dia! De qualquer forma recomendo passar mais um dia em Ica e fazer o Pisco Tour com mais calma.
Amanheceu no oásis, ordinária! O clima agora seria outro e de cidades calmas, históricas e místicas, partimos para a maior e mais agitada do país, Lima. Tínhamos que quebrar o encanto por pouco tempo para depois cair de cabeça nas energias que a natureza nos preparava e quando finalmente chegaríamos na capital Inca.
Até já, Lima!