Quem diria que após todos estes bons momentos ainda teria espaço para mais um sonho, visitar o país onde meus bisavôs e tataravôs comiam pão caseiro, tomavam vinho e conversavam em alto e bom som!
A idéia surgiu logo após eu ser aceito no intercâmbio na Croácia, após ver que a distância de Zagreb até a fronteira do país das massas era menor do que a de São Paulo até Ilha Solteira!
Planejei diversas rotas e meios de transporte porque teria pouco tempo e dinheiro para fazer o tour, que estava marcado para os últimos 4 dias meus na Europa, assim que terminasse o estágio, o roteiro ficou da seguinte forma:
Zagreb – Veneza – Roma – Florença – Zabreb – BRASIL!
Tudo isso iniciando na madrugada de uma sexta-feira e terminando na quarta-feira de manhã. Vôos low cost são a primeira pedida, mas como só tive certeza da viagem apenas umas duas semanas antes, as passagens já estavam muito caras (Easy Jet e Ryan Air). Decidi que faria tudo de trem, mais barato e tradicional, assim me sentiria realmente viajando ao longo do território italiano. Acessei a empresa responsável pela administração das ferrovias por lá, Ferrovie dello Stato da Trenitalia, mas não consegui comprar as passagens online já que, segundo alguns fóruns, eles recusam cartões estrangeiros. Mesmo assim, pude planejar todo o roteiro e horários por lá, para depois comprar os tickets em Veneza, nas máquinas amarelas “Self-service”.
Comprei as passagens de Zagreb –Veneza na empresa croata HZ Net e sexta-feira as 23h estava na estação com a mochila nas costas e me despedindo da galera.
Ah, esqueci de comentar que reservei todos os hostels dois dias antes de embarcar, os melhores sites para fazer isso são Hostelling International e Hostel World, este último tem convênio com os hostels e fica muito barato reservar, pagando 10% do preço total adiantado via cartão de crédito.
Dormi no trem já que só chegaria a Veneza as seis da matina. Chegando lá corri para o posto de informação turística para pegar o mapinha – 2,50 euros! Comprei todas as passagens na máquina amarela e segui para um café da manhã clássico, café e pão na chapa (?), depois encontrei uma feira livre e comprei umas frutas.
Já de início parece mentira, você sai da estação e dá de cara com um rio quase no nível do solo com casas tradicionais e coloridas ao longo de suas margens. Estou realmente na Itália!
Também é possível ver a quantidade imensa de turistas vagando, principalmente em casais. Sonho de toda mulher é convencer o maridão a bancar uma lua de mel em Veneza, atire a primeira pedra aquela que discordar.
*Melhor que isso só Fernando de Noronha, mas ainda não será dessa vez.
Mas voltando ao foco, é muito fácil se perder pelas ruazinhas de lá, eu olhava o mapa a cada 5 minutos e mesmo assim era complicado, ainda mais porque saia andando sem rumo pelos becos para realmente conhecer a cidade. Veneza se divide em algumas regiões que são bem demarcadas no mapa: Dorsoduro, San Polo, Santa Croce, San Marco, Castello e Cannaregio. Curioso é que a porção de terra tem formato de peixe, daqueles que desenhávamos na escola, só fiquei sabendo lá!
Segui rumo Dorsoduro. Caminhando pelas ruas estreitas encontrei casas muito bonitas, naturalmente com as paredes descascando e tijolos aparentes, realmente parecia que se alguém reformasse, estas sairiam do contexto. Bati fotos dos canais, que cortam toda a cidade como se fossem ruas. A cada canal eu encontrava uma ponte belíssima em arco e uma vista mais bonita ainda, contem centenas de pontes e façam a conta de quão bonita é a cidade.
Iria ficar apenas um dia completo na cidade, então andei igual um doido, para conhecer o máximo possível.
Existem centenas de igrejas pela cidade, muitas bonitas sem dúvida, porém para mim a beleza está na cidade em si, nas suas ruas, canais e casas. Continuei seguindo a margem do Canalle della Giudecca até encontrar o Canal Grande, tirei mais algumas fotos e segui pela Ponte Dell’Accademia até chegar do lado de San Marco, esta região é muito bonita e com certeza a mais badalada, com lojas de grife como da Ferrari, a Igreja mais famosa e a Piazza de San Marco.
Comprei um sorvete e segui até a Piazza, interessante é que de manhã a maré está alta e a praça fica parcialmente sob a água, que forma espelhos d’água na praça. De noite a maré desce 50cm aproximadamente e a praça se torna seca de novo.
Tinha uma multidão esperando para entrar na Piazzeta, pulei fora e continuei rumo a região de Castello.
Particularmente gostei dessa região porque é nela que você encontra os moradores e os locais mais caseiros de Veneza, encontrei varais com lençóis pendurados, grafites e ruas tão estreitas que só uma pessoa podia passar por vez.
Foi nessa região que mais vezes me perdi também, sendo que procurava as piazzas no mapa por 5 minutos até encontrar, me diverti com o mapa.
Já estava dando uma fome e, claro, fui procurar uma pizzaria em conta para comer a primeira em território italiano. Próximo da Piazza San Marco pode-se encontrar restaurantes mais chiques onde uma refeição chega a 20 euros. Fui comer na região entre Castello e San Marco, 6 euros pela pizza que possuía a melhor massa de todas que já comi! A pizza italiana possui pouco recheio e normalmente pode-se ver o molho sobre a massa, diferente das brasileiras, com um dedo de espessura só de queijo. Comi, curti e continuei a jornada.
Dessa vez fui para Cannaregio, região mais pobre e repleta de pescadores, mesmo assim possui certa beleza. Detalhe para as bandeirinhas italianas espalhadas.
Já estava muito cansado e voltei para conhecer a última região, de San Polo. Passei pela ponte mais famosa, Di Rialto, com sua vista do Canal Grande de cartão postal para depois comprar os ingredientes e fazer um lanche, no mercado Billa.
Vaguei pela noite, porém, tenha em mente que após 23h a cidade literalmente morre! Como meu trem partia às 22h, fugi na hora certa. Não sei por que, mas pelo jeito a cidade já tem muita coisa para oferecer de dia e durante a madrugada os ”gondoleiros” dormem para comandar os passeios românticos no outro dia.
Lenda: ouvi comentarem que os canais de Veneza cheiravam mal, não sei se fizeram algum tipo de tratamento, mas não senti cheiro algum. Além disso, eles possuíam uma cor azul esverdeado, muito bonita!
Peguei o trem para Roma (todos os caminhos levam para lá :)).
Seguem fotos da cidade dos amantes!
Até, deixe seu comentário!